Dedicação
Uma luta em tons de rosa
Outubro Rosa reacende o alerta para a necessidade de prevenção ao câncer de mama
Carlos Queiroz -
Mais um mês de outubro se inicia e com ele vem o alerta ao câncer de mama, o tipo mais comum entre as brasileiras e mulheres de todo o mundo. Para conscientizar da importância dos exames preventivos, a Associação de Apoio a Pessoas com Câncer (Aapecan) montou a exposição fotográfica Incríveis mulheres, com retratos de pacientes em tratamento e que superaram a doença. Na Empresa do Terminal Rodoviário de Pelotas (Eterpel), as fotos estão expostas no segundo piso até o final do mês.
Na Rodoviária, sete mulheres vão representar a luta contra o câncer de mama. Nelci Tuchtnhagen, 46, é uma delas. No último ano ela foi diagnosticada com a doença e, depois de longos meses em que passou por uma série de exames, começou a quimioterapia em janeiro. “A químio foi bem agressiva. Os efeitos colaterais acabam te deixando bem pra baixo”, relembra. A primeira fase do tratamento com as sessões semanais é a mais temida pelas pacientes; é nesse momento em que os efeitos são mais acentuados, quando ocorre a queda de cabelo, por exemplo.
“Eu ficava me perguntando ‘por que eu?’”, conta. Em meio à baixa autoestima e aos momentos de desamparo, procurou apoio na Aapecan. A associação desenvolve atividades com pacientes e familiares que enfrentam uma luta contra os diversos tipos de câncer, prestando assistência social, orientação jurídica, apoio psicológico, terapia holística e grupos de convivência. Foi com o suporte da associação que Nelci pôde reerguer as forças. Em agosto, realizou a cirurgia para retirada da mama. No momento, ela aguarda a consulta com o oncologista para orientar quanto ao início de um segundo tratamento, dessa vez com sessões de radioterapia.
Já Ângela Ferreira, 49, encarou a doença com outro olhar. Quando descobriu o tumor, em dezembro de 2017, já passava pelo quarto estágio da doença - com um tumor de 11 centímetros e com chances de se espalhar para outros órgãos. “Eu ficava naquilo de ‘amanhã eu vou’ e acabei demorando meses pra ir”, recorda-se. A prevenção da doença vai além das consultas periódicas aos médicos especializados, como ginecologistas; é importante que as mulheres observem as mamas no cotidiano, no banho, troca de roupa ou outros momentos em que se sintam confortáveis.
O diagnóstico de Ângela, no entanto, não foi uma novidade para a rotina da então faxineira. A mãe dela também teve câncer de mama - os fatores genéticos e hereditários aumentam o risco de pessoas propensas a desenvolver os tumores. O tratamento com as sessões de quimioterapia começou em 2018. Em setembro do último ano, realizou a cirurgia para retirada do tumor e a abdominoplastia, procedimento estético de recolocação da gordura do abdômen no seio, ambas oferecidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Todas as fases foram encaradas com leveza e calma. Hoje, ela passa o que aprendeu aos grupos de amigas, levando conselhos e um abraço amigo a quem precisa.
A perda de cabelo não foi um problema: Ângela conta que sentia-se bonita de lenço, gostava de usar o adereço. Hoje, após terminado o tratamento, segue usando os lenços coloridos. “Vou usar os lenços durante todo o mês de outubro, em homenagem às mulheres que lutam contra a doença”, afirma.
Tânia Lima, 49, é outra das mulheres que estampam as fotos da exposição. Ela foi diagnosticada e passou pelo tratamento em 2014. Há cinco anos comemora a cura da doença. “Foi tudo muito rápido”, explica. Em pouco meses, ela recebeu o laudo confirmando o tumor e logo começou o tratamento quimioterápico, tudo pelo SUS. A família e os amigos foram o principal suporte para superar a doença.
Incríveis mulheres
A exposição da Aapecan ficará disponível a todos no terminal rodoviário até o fim deste mês. No próximo mês, em alusão ao Novembro Azul, será a vez dos homens. A exposição Invictus retrata pacientes que enfrentam e que já superaram o câncer de próstata.
Câncer de mama é o tipo mais comum entre mulheres no Brasil e no mundo
Cerca de 25% dos novos casos de câncer a cada ano no mundo são de tumores nas mamas. Entre as brasileiras, o percentual sobre para 29%. A doença, mais comum em mulheres acima dos 35 anos, tem uma incidência crescente após os 50 anos. Nessa faixa etária, aconselha-se realizar anualmente os exames de checagem, como a mamografia. Outros hábitos podem ser adotados para evitar os tumores. O câncer de mama também pode ser detectado nos homens, mas é raro. Apenas 1% do total de casos ocorre em mamas masculinas.
De acordo com os dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), 16,7 mil mulheres morreram em 2017 em decorrência da doença. O tratamento do câncer de mama depende da fase em que a doença se encontra e do tipo do tumor. Dependendo do caso, o paciente pode passar pela cirurgia de retirada da mama, radioterapia, quimioterapia, hormonioterapia e terapia biológica (terapia alvo) - todas opções oferecidas pelo SUS.
Sintomas
►O mais comum é o aparecimento de nódulos nas axilas e no pescoço, geralmente indolores, duros e irregular, mas há tumores que são de consistência branda, globosos e bem definidos
►Pele da mama avermelhada, retraída ou parecida com casca de laranja
►Inversão do mamilo
►Descamação ou ulceração do mamilo
►Secreção papilar, especialmente quando é unilateral e espontânea
Cerca de 30% dos casos de câncer de mama podem ser evitados com a adoção de hábitos saudáveis como
Praticar atividade física
►Alimentar-se de forma saudável
►Manter o peso corporal adequado
►Evitar o consumo de bebidas alcoólicas
►Amamentar
►Evitar uso de hormônios sintéticos, como anticoncepcionais e terapias de reposição hormonal.
Número de mortes em 2017
►16.724 mulheres
►203 homens
►Estimativa de novos casos para 2019: 59.700
* Fonte: Instituto Nacional do Câncer/Ministério da Saúde
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